Parasitas intestinais
Uma longa história de necessidades não atendidas
Impacto na saúde e na educação
Cinco espécies de parasitas, um quarto da população mundial infetada
As infeções helmínticas transmitidas pelo solo (HTS) são consideradas Doenças Tropicais Negligenciadas, um grupo de patologias que afetam crianças e adultos nas comunidades mais pobres do mundo. Existem cinco espécies principais de HTS: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Strongyloides stercoralis e duas espécies de ancilostomídeos. Pelo menos 1,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo sofrem atualmente de alguma doença causada por um ou mais destes parasitas. Estes parasitas afetam sobretudo o crescimento e o desenvolvimento das crianças, podendo causar anemia e complicações potencialmente fatais. Mas as consequências das infeções por HTS vão para além das questões de saúde.
Estas infeções causam uma elevada carga de doença nas comunidades afetadas, estimada em 1,9 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade (DALY). Isto traduz-se numa perda massiva de dias de trabalho e escolares, prejudicando a economia e o desenvolvimento de todo o país. Em muitas destas populações, o tratamento das HTS já foi reconhecido como uma das ações fundamentais para promover a aprendizagem e o progresso educativo.
Ascarídeos
Ascaris lumbricoides
Tricurídeo
Trichuris trichiura
Estrôngilo
Strongyloides stercoralis
Ancilóstomo
Ancylostoma duodenale
Ancilóstomo
Necator americanus
A urgência de um tratamento melhor
Décadas de terapia com um único medicamento
Do ponto de vista médico, as estratégias de controlo das HTS baseiam-se no tratamento periódico das populações em risco (principalmente, crianças e mulheres em idade fértil). No entanto, só existe um tipo de medicamento disponível: os benzimidazóis (albendazol ou mebendazol). Estes compostos não são eficazes contra todas as espécies de helmintos, especialmente contra o Strongyloides stercoralis, para o qual a ivermectina é o medicamento de eleição, e contra o Trichuris trichiura, para o qual a combinação de albendazol e ivermectina parece ser um regime mais eficaz na maioria das regiões geográficas. A utilização de um único medicamento para as doenças infeciosas pode aumentar o risco de resistência. Continuar com esta abordagem clínica não será suficiente para controlar as infeções no futuro. Uma combinação de tratamentos medicamentosos eficazes contra as cinco espécies de parasitas intestinais deve ser associada a programas educativos e de desenvolvimento que se centrem na prevenção.
Projetos STOP
Simplificar o tratamento através da associação
No projeto anterior, realizámos ensaios clínicos em três países africanos, com mais de 1200 crianças tratadas para avaliar a eficácia da nova formulação. O projeto obteve resultados positivos e reforçou a colaboração intercontinental no seio do consórcio. Com o STOP2030, pretendemos realizar a fase final dos ensaios clínicos, proporcionando aos reguladores na Europa e em África, e aos governos africanos, as informações de que necessitam para ajudar a estabelecer a estratégia para disponibilizar esta nova opção terapêutica sempre que necessário